12 de abr. de 2010

Pagina 26

Eu sei que você nunca quis que eu me sentisse assim. Sei que você nunca quis meu mal... mas, de que adianta isso se eu mesmo o quis? Eu quis construir essa fantasia de nós dois. Eu quis o sonho, e enquanto eu sonhava fantasias, você cuspia realidade. Não me entenda mal, não digo que estava errada, mas talvez certa demais. O fato é que eu construi o nosso castelo para mim mesmo e agora, quando a noite cai e as coisas mais simples me lembram você, o sonho de nós dois apodrece sem morrer, escorrega entre meus dedos e eu me reviro na cama com cada parte do meu corpo gritando o seu nome.

Merda. Como se pode sentir falta do que nunca se teve? Seria esperança? A maldita sombra do “e se” espreitando minha solidão?Mas que remédio, meu Deus, que remédio para essa realidade azeda? Que cura espero eu que guiei tuas mãos indispostas até o centro do peito e as forcei a arrancar meu coração? Que doce loucura poria fim a esse tormento? Qual veneno terrível irei recusar em nome dessa melancolia inventada?

Ah, se pelo menos você não existisse. Se pelo menos fosse, como todo o resto, uma fantasia maluca, talvez a dor incomodasse menos. Mas não, você teima em existir, em ser encantadoramente real, verdadeira, diferente do nós que existe em mim, diferente desta faca de dois gumes que pelas minhas mãos só fere a mim mesmo de uma forma inegavelmente real.

Quão absurda ilusão é essa de eternamente perder uma guerra que luto sozinho... Que inimigo é esse senão o meu próprio amor? Sim, digo novamente enquanto tomas uma taça de meu sangue, sim, eu te amo, e talvez esse amor nunca vença a sua lógica ou seja mais real do que esse nós que criei apenas para mim. Talvez sempre me falte realidade, talvez sempre te falte fantasia. Talvez... talvez eu não saiba mais o que estou dizendo, talvez nunca tenha sabido, mas duvido que você possa dizer honestamente que estou errado. Duvido que não concorde e, principalmente, duvido que em você não exista pelo menos o fantasma de um nós.

O pior é saber que sentir isso não muda nada e que mesmo agora, depois de tudo escrito pela décima centésima vez esse nós maldito não vai embora. Ele nunca vai. E saber que talvez, só talvez, sou eu que não o deixo ir também não me faz muito bem...
Me disseram certa vez que existem males que são necessários...




Será?

4 comentários:

Hannah disse...

... e tem males que simplesmente não deveriam existir.

Valéria lima disse...

Sim, os males não deveriam existir, mas sem eles como saber quando somos felizes.

BeijoOO

Leonardo Batista disse...

cara...

Leonardo Batista disse...

cara...