3 de ago. de 2009

lembranças de uma despedida

Ela colocou o primeiro pé no onibus. Ele respirou mais fundo como para desfazer o nó que lhe apertava o peito e ameaçava subir garganta acima.
Lembrava de cada detalhe. Lembrava da mão, do toque, do beijo.Lembrava do cheiro, do gosto, do desejo. E por mais coisas que a vida lhe ensinara até então, ainda agora, com ela indo embora, sentia-se surpreso e irremediavelmente bobo. Era incapaz de descrever aquela sensação, de lhe dizer como fora incrivel aquele dia. Era incapaz de sequer lhe segurar mais uma vez e pedir que ficasse.
Se esqueceu por um momento de respirar quando a silhueta dela desapareceu na porta. Pensou em quantas vezes ela lhe tirara o folêgo. Pensou em cada sorriso que ela dera, cada olhar, cada vez que ela se virava envergonhada... é, foram muitas vezes...
Seria esse um daqueles momentos em que as pessoas geralmente dizem "se eu morresse agora, morria feliz"? E embora ele soubesse que a vida ainda estava no começo e que era absurdo resumir ela a uma pessoa, não podia se furtar tal pensamento. Não se fosse honesto consigo mesmo pelo menos.
Voltou a respirar num soluço. O onibus agora manobrava, logo deixaria a rodoviaria.
Ela não estava na janela...
"O tempo vai passar rápido" dizia ela. Passar rápido pra que, passar rápido pra quem? Ele não havia perguntado. É lógico, o tempo, a distancia, muito conspirava contra, pouco a favor. O tempo passa, o onibus se distancia. Não sabia se ela se lembraria dele quando chegasse em seu destino, mas ele, por mais masoquista que pudesse parecer, lembraria dela. Pegou o cheiro do cabelo, o ultimo beijo e o ultimo olhar e guardou, em um lugar onde nem o tempo pudesse atingir. Abriu os olhos e lentamente começou a caminhar. Lembrou que não gostava de lógica e desejou que aquela história só estivesse no começo.

Um comentário:

kyka disse...

Agoraa o texto preferido rs =D
Adoreeiii ^^
beijos !