23 de mai. de 2009

Certas Coisas...

E de vez em quando ela reaparece. Aquela confusão de sentidos, aquela força animal que se esconde no fundo dos olhos. Aquela vontade de gritar até sentir a garganta raspar. Aquela vontade de continuar gritando até cuspir sangue. Não, eu não entendo. Não entendo nada.

As palavras rasgam seu caminho para fora de mim. Gestação involuntária que foge antes do tempo. Cruas. Cruéis. Elas jogam comigo, me fazem ver coisas que em silêncio não veria, coisas que por vezes não queria ver. Shhhhh.

Merda.

Por que eu não escutei minha mãe? Por que falei quando não devia? Por que me joguei sem olhar pra baixo? Por que não lembrei que pra certas coisas não há cura? Não há palavras mágicas, nem saídas fáceis.

Maldito labirinto. Maldito jogo de esconde-esconde. Já te disse que não sei jogar, já te disse que só sei ME jogar. Sem máscaras, sem disfarces. A pele que você arranha não é substituível. As feridas que você cria não são artificiais.

Não vou fechar os olhos. Não vou ignorar os rochedos no horizonte. Não vou tapar os ouvidos. Vou ouvir o teu canto de sereia. Vou sentir o teu poder arrastando meu corpo na direção dos rochedos. Vou sentir cada coral em que pisar. Cada água viva, cada banco de areia... Vou sentir cada gota de sangue que você me arrancar. Não vou tentar evitar nem fugir. Eu me entrego e você sabe disso. Agora é com você.


"e eu, já não tenho pra onde correr"