4 de out. de 2009

Terça Feira

E como dois peregrinos em busca de abrigo meus olhos buscavam os dela. Olhos de encanto e mistério, de feitiço e paixão. Duas lagoas castanhas onde se perdiam meu espírito e meu fôlego. Duas estrelas reluzentes que guardavam as promessas do amanha e do depois. Dois olhos risonhos, brincalhões, ladrões de cores e brilhos. Dois egoístas que pareciam querer toda minha atenção para si... e conseguiam.

Enlacei sua cintura e puxei-a para junto de mim. Senti seu coração acelerar? Senti meu coração acelerar. Senti um pequeno arrepio percorrendo a espinha, não sei se minha ou dela. Seu corpo agora tocava o meu e, talvez no movimento mais doce que já vi, ficou na ponta dos pés para que nossos rostos pudessem se aproximar. Seu hálito era intoxicante e não pude deixar de pensar que ali, respirando o mesmo ar que passava por seus lábios entreabertos, até mesmo o ato de respirar tomava uma dimensão mágica e agora, tudo o que eu era estava ligado aquela menina que correspondia com força ao meu abraço.

Sua mão tocou meu rosto e senti o corpo todo estremecer. Sua pele cor de neve era macia e quente, e seus movimentos estavam acima da minha compreensão. Fechei os olhos por alguns instantes enquanto a realidade a nossa volta se desfazia e seu perfume nos levava a um campo florido, onde sozinhos sussurrei ao seu ouvido o quanto me fazia falta e o quanto eu gostava dela. Sua voz em melodia também confessava saudades enquanto eu diminuía ainda mais o espaço já quase inexistente entre nós, como que querendo fundir aquela existência a minha e completar enfim todas as lacunas próprias de mim mesmo.

Afastei meu rosto a fim de admira-la um pouco mais e enquanto seu cabelo lentamente se desprendia da minha barba por fazer fui irrepreensivelmente atraído por seus lábios e enquanto tirava lentamente a pintura vermelha, tão cuidadosamente feita, ao encostá-los aos meus me peguei imaginando se algum dia a vida seria melhor do que isso, ou se alguma outra terça feira de manha seria novamente tão boa assim.

Um comentário:

Camila Barbosa disse...

pieguice pouca é bobagem rs