22 de set. de 2009

Documento 57 ou Alem das palavras

Havia dois dias que não pensava em outra coisa. Claro, parava de quando em quando pra comer ou tentar fazer alguma outra atividade, mas no fundo seus pensamentos não saiam disso, não deixavam aquele dia, revivia cada gesto, cada segundo, cada beijo numa saudade tão grande que não conseguia mensurar.
Recostou-se na cadeira. Precisava pensar, respirar... respirar o dobro, o triplo, mesmo sabendo que ainda ia sentir aquela falta de ar sempre que pensasse nela. Nunca imaginou que o termo “roubar o fôlego” fosse tão real. Riu. Olhou novamente para a tela do computador: “Documento 57” aparecia no topo do editor de texto e, por algum motivo aquilo não lhe parecia promissor. Alias, algum motivo não, alguns motivos, todos os motivos e talvez mais alguns que não conseguia pensar.
Era até irônico, ele que tanto falava, que gostava de escrever, encontrava-se agora, sem palavras, incapaz de contar para o mundo o quão incrível aquela guria era e o quanto ela mexera com ele. Pensou até em atear fogo na casa, mas isso dificilmente mandaria a mensagem e ainda o deixaria sem teto, então acabou descartando a possibilidade.
Ainda assim o problema permanecia. Como dizer que nada tinha a mesma graça sem ela por perto? Como explicar sem parecer irremediavelmente apaixonado que ainda sentia seu cheiro em todo lugar? Perguntas difíceis. Talvez, pensou, não devesse falar nada. E daí que todo branco que via lembrava sua pele, todo vermelho seu batom? E daí que quando olhava pro céu noturno via suas lindas sardas em vez de estrelas? Ela não precisava saber, precisava?
Era isso, tinha decidido. Sabia que não teria condições de descrever algo tão especial como ela era para ele. Sabia que não conhecia palavras o suficiente para falar de cada sensação que seu toque lhe causava, cada carinho, cada suspiro, sabia que pelo menos por enquanto o sabor do seu beijo ia ficar apenas na sua boca e no seu coração. Um dia, prometeu a si mesmo, um dia aprenderia a tal da “língua dos anjos” e, quem sabe nela, encontraria as palavras para fazer com que o mundo finalmente soubesse que aquele sorriso nos seus lábios vinha dela e somente dela, e que mais do que o ar nos seus pulmões e o sangue em suas veias, ela se tornara essencial. Essencial para enxergar as cores, essencial para sentir os sabores, essencial para seus sonhos.
Olhou novamente para o “Documento57” e levantou-se. Não queria mais escrever, não queria mais estragar aquilo com palavras. Estava simplesmente feliz, mais do que havia estado em um longo tempo, e estava agradecido por isso. Suspirou, desligou o computador e entregou-se a um sono tranqüilo e sonhos do que ainda estava por vir.



Desculpa ai, eu sei que ainda não está bom, mas não consegui fazer melhor hoje... prometo compensar no proximo ^^

Nenhum comentário: