Eu ando.
Ando por um deserto, sem ter nada a minha frente ou ao meu redor, sem sequer ter a minha própria sombra como companhia.
Ando solitário, cercado por imagens que eu julguei serem pessoas, mas agora sei que são apenas fantasmas, muitos deles criados por mim mesmo.
Ando descalço, sinto cada pedra no caminho, cada espinho. Ando e sinto com toda a intensidade cada pequena situação, alegre ou triste, e continuo andando.
Não corro. Sei que o futuro está a minha frente, mas também sei que ele vira, inexoravelmente, no seu tempo.
Ando cantando. E cantando, sozinho entre meus fantasmas, canto a musica mais bonita que conheço. Canto para as pedras do caminho, para o vento em meus cabelos, e agradeço que sejam surdos pois a musica em meus lábios é, por vezes, muito feia.
Ando incerto, em círculos, errado e eternamente errante, carregando comigo todos os erros que cometi, e mais vida do que posso agüentar.
Ando.
Ando e olho para trás. O lobo negro ainda está lá. Paciente sabe que serei sua próxima refeição. Paciente espera a chegada da noite. Paciente espera que a minha água acabe.
Ando, porque é tudo que posso fazer. Porque é tudo que sei fazer. Porque é tudo o que faço, querendo ou não. Ando porque estou aqui, andando.
Ando.
Ando principalmente para te encontrar. Ando para partilhar com você meu deserto e meus fantasmas. Para compartilhar meus defeitos e minha musica ruim. Ando porque, no fundo dos meus olhos, onde moram meus sonhos, finos como a areia sob meus pés, mora também a esperança de que você também ande, e de que um dia, perdido em teu olhar, não mais veja o vazio do deserto, mas sim nossas pegadas na areia.
Eu simplesmente ando.
Ando e escrevo bobagens na areia.
Um comentário:
Triste; mas arrancou um sorriso meu no final. rs
Me encontrei nisso tudo.
Beijos, ESCRITOR(agora que li posso te chamar assim)
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