Hoje chove no mundo, hoje chove também no meu mundo.
Pele de papel, veneno de metal. O maior dos cuidados ainda é pouco, a maior das ilusões não ilude tanto. Corro entre espinhos e me bato no vidro da janela. Não, não posso tocar a realidade lá fora, não posso chegar ao destino que eu queria, não posso, não devo, não quero, e mesmo não querendo, quero tanto que chega até a doer. Meus pensamentos se debatem e se chocam, como loucos completamente sãos em camisas de força se batem e se chocam com a parede acolchoada de uma prisão imposta para seu próprio bem. Bem?
Porque os homens buscam aquilo que não existe, aquilo que não se pode ter? Inventamos maquinas desnecessárias, criamos sociedades, erguemos impérios, mas aquilo que na lenda os Deuses cindiram de nós me parece cada vez mais irrecuperável. Porque buscamos a felicidade em uma vida que nada mais é do que acidental? Uma sequencia de acidentes me trouxeram até aqui, uma sequencia de tragédias. É na dor que a inspiração aparece, na necessidade que se resolvem os maiores problemas, na morte e no caos que ressurge a vida. A vida é triste, depressiva, má. A vida dói, cada vez mais, como um teste maldoso colocado para ver o quanto suportamos.
A carne é fraca. A carne rasga. Eu quero rasgar a carne. Quero rasgar o espírito. Quero rasgar tudo. Quero rasgar como me rasga seu veneno de metal. Sangue. Sangue para aliviar o peso, sangue para limpar os erros, sangue para alimentar os vermes. Sangue. Sangue e risadas. Risadas falsas de quem mente pra si mesmo. Risadas de quem acredita que se importa. Risadas pra quem acha que existe mais do que os laços de dependência social. Risadas pra quem acredita em amor. As risadas a gente guarda, sejam suas ou minhas, de você ou de mim, o sangue a gente derrama, derrama pelo mesmo corte que eu fiz em mim com as tuas mãos.
Droga.
As vezes tenho vontade de gritar. E continuar gritando, até que meu coração pare, até que minha carne se corroa, até que meus ossos se decomponham e nada mais sobre alem do eco desse grito. As vezes me enjôo e me enojo. As vezes não entendo. As vezes entendo até demais. As vezes eu queria que as pessoas fossem diferentes, mais honestas consigo mesmas, mais verdadeiras com os outros. As vezes eu queria que as coisas fossem melhores e que o sofrimento pudesse ser evitado. As vezes acredito que essas coisas são possíveis... acho que essas são as piores vezes.
Mas não acreditem em mim, é a chuva que me deixa assim.
Sem musica, sem frase, sem palavra e sem cuspe...
28 de mai. de 2009
23 de mai. de 2009
Certas Coisas...
E de vez em quando ela reaparece. Aquela confusão de sentidos, aquela força animal que se esconde no fundo dos olhos. Aquela vontade de gritar até sentir a garganta raspar. Aquela vontade de continuar gritando até cuspir sangue. Não, eu não entendo. Não entendo nada.
As palavras rasgam seu caminho para fora de mim. Gestação involuntária que foge antes do tempo. Cruas. Cruéis. Elas jogam comigo, me fazem ver coisas que em silêncio não veria, coisas que por vezes não queria ver. Shhhhh.
Merda.
Por que eu não escutei minha mãe? Por que falei quando não devia? Por que me joguei sem olhar pra baixo? Por que não lembrei que pra certas coisas não há cura? Não há palavras mágicas, nem saídas fáceis.
Maldito labirinto. Maldito jogo de esconde-esconde. Já te disse que não sei jogar, já te disse que só sei ME jogar. Sem máscaras, sem disfarces. A pele que você arranha não é substituível. As feridas que você cria não são artificiais.
Não vou fechar os olhos. Não vou ignorar os rochedos no horizonte. Não vou tapar os ouvidos. Vou ouvir o teu canto de sereia. Vou sentir o teu poder arrastando meu corpo na direção dos rochedos. Vou sentir cada coral em que pisar. Cada água viva, cada banco de areia... Vou sentir cada gota de sangue que você me arrancar. Não vou tentar evitar nem fugir. Eu me entrego e você sabe disso. Agora é com você.
"e eu, já não tenho pra onde correr"
As palavras rasgam seu caminho para fora de mim. Gestação involuntária que foge antes do tempo. Cruas. Cruéis. Elas jogam comigo, me fazem ver coisas que em silêncio não veria, coisas que por vezes não queria ver. Shhhhh.
Merda.
Por que eu não escutei minha mãe? Por que falei quando não devia? Por que me joguei sem olhar pra baixo? Por que não lembrei que pra certas coisas não há cura? Não há palavras mágicas, nem saídas fáceis.
Maldito labirinto. Maldito jogo de esconde-esconde. Já te disse que não sei jogar, já te disse que só sei ME jogar. Sem máscaras, sem disfarces. A pele que você arranha não é substituível. As feridas que você cria não são artificiais.
Não vou fechar os olhos. Não vou ignorar os rochedos no horizonte. Não vou tapar os ouvidos. Vou ouvir o teu canto de sereia. Vou sentir o teu poder arrastando meu corpo na direção dos rochedos. Vou sentir cada coral em que pisar. Cada água viva, cada banco de areia... Vou sentir cada gota de sangue que você me arrancar. Não vou tentar evitar nem fugir. Eu me entrego e você sabe disso. Agora é com você.
"e eu, já não tenho pra onde correr"
20 de mai. de 2009
depois do furacão
Ninguém arrumou a casa.
O furacão passou, quebrou, rachou, sujou, e ainda assim ninguém arrumou a casa.
Ainda tem cacos no chão, ainda tem comida caída pela cozinha.
O furacão passou e ninguém arrumou a casa.
A vida continua.
A vida volta.
Ainda existem o dia e a noite.
Ainda existem coisas para serem feitas, prazos a serem cumpridos.
Paro.
Perco um dia.
Arrumo o que posso.
E ainda assim ninguém arrumou a casa. Nem eu.
Meu detergente não tira algumas manchas, minha vassoura deixa alguns cacos escaparem.
O chão ainda é perigoso, ainda machuca se não se olha bem onde pisa.
O furacão passou, e talvez um dia volte.
A vida não passou.
Penso o que é mais forte, o medo de um novo furacão ou a vontade de viver.
Penso e continuo tentando arrumar a casa.
A casa que ninguém arrumou...
O furacão passou, quebrou, rachou, sujou, e ainda assim ninguém arrumou a casa.
Ainda tem cacos no chão, ainda tem comida caída pela cozinha.
O furacão passou e ninguém arrumou a casa.
A vida continua.
A vida volta.
Ainda existem o dia e a noite.
Ainda existem coisas para serem feitas, prazos a serem cumpridos.
Paro.
Perco um dia.
Arrumo o que posso.
E ainda assim ninguém arrumou a casa. Nem eu.
Meu detergente não tira algumas manchas, minha vassoura deixa alguns cacos escaparem.
O chão ainda é perigoso, ainda machuca se não se olha bem onde pisa.
O furacão passou, e talvez um dia volte.
A vida não passou.
Penso o que é mais forte, o medo de um novo furacão ou a vontade de viver.
Penso e continuo tentando arrumar a casa.
A casa que ninguém arrumou...
18 de mai. de 2009
Da breviedade da vida
Nós somos feitos de pó, sombras e sonhos. Não é próprio do homem ser eterno, não é próprio do homem ser indestrutível. Será que um dia você vai perceber isso e então entender a minha pressa, o meu exagero, a minha vontade de que o amanha seja hoje e de que cada segundo seja infinito?
O som irritante do telefone o acordou. Perdera a conta de quantos dias começaram assim. Mas esse não seria apenas mais um telefonema, esse não seria apenas mais um dia. A voz entrecortada o chamava para um lugar longe, para um lugar triste. Esse foi o ultimo dia de alguém.
Ainda da cama deu telefonemas, cancelou os planos. Levantou. Vestiu-se. Moveu-se pela casa como se o peso do mundo houvesse despencado sobre suas costas. Abriu o chuveiro de tormentas, banhou-se em saudades, secou-se em recordações. Escolheu, a despeito do céu azul e do calor abafado do dia, calça, camisa, sapato... preto, preto, preto... pretos como a disposição de seu espírito. Muniu-se de coragem e abriu a porta.
O mundo continuava igual. As pessoas apressadas, os carros velozes. O dia seco secou sua boca, rachou seu lábio. Entrou no carro. Todos estavam quietos, pesarosos, como se a própria morte estivesse acomodada no carro. Rompeu o silencio, não porque o agradasse, mas para tirar do fim o pensamento dos mais velhos. Inútil. O carro parecia mais rápido do que ele e, tão logo entrou no carro, tão logo chegou, ou assim lhe pareceu.
O olho ardeu, ao ver o mundo sem a proteção do “insulfilm” do carro. Divisou a distancia alguns parentes nas escadas da casa funerária. Aproximou-se. As lamentações, cada vez mais próximas lhe perturbavam o espírito. Seria ele o único ali que via no falecimento o termo das dores da falecida? Recebeu pêsames, deu pêsames.
O caixão era pequeno, parco. A pessoa que ele conhecia não era a que estava ali. Não, recusava-se a acreditar que aquela casca deformada fora uma vez a pessoa cheia de vida a quem viera prestar seus últimos respeitos. Até os mais fortes choravam, mas ele não derramou uma lágrima. Insensível.
Viu o velho padre recitar as mesmas palavras de um outro funeral qualquer. Viu pessoas que a muito não prestavam a devida atenção a defunta se aglomerarem a sua volta e repetirem as mesmas palavras gastas do padre. Oração velha, oração sebosa, oração impessoal. Achou por um momento que talvez aquele um dia viesse a ser seu fim, cercado de amigos já desconhecidos pelo tempo, tendo sua alma encomendada por qualquer padre, mais por serviço do que por compaixão.
Retirou-se, e ao se retirar percebeu os múltiplos assuntos que se comentavam naquele momento de respeito. Viagens, trabalho, namoro. É, a vida não para, não presta homenagem. Não é do ser humano amargurar-se pela desgraça alheia. Saiu. O sol continuava forte, os carros continuavam velozes, as pessoas continuavam apressadas. Decidiu não acompanhar o funeral até a falecida ser coberta de terra.
Olhou mais uma vez a casca, olhou mais uma vez os parentes. Sentiu um pequeno nó na garganta pois sabia que ainda veria muitos deles nessa posição antes de ser sua vez de atravessar o véu. Ainda assim não chorou. Sentiu, entretanto, cada lágrima daquela sala, cada pessoa que não seria capaz de consolar, cada perda que não seria capaz de repor. Sofreu por isso, sofreu por elas, e por instantes invejou a falecida, que, supunha agora não mais sofrer. Lembrou de tudo o que havia deixado, de tudo o que ainda queria fazer, de tudo que ainda queria conhecer, e então sofreu por si mesmo.
Prefiro acreditar no que não acredito e fingir que existe um céu lá em cima esperando por nós... prefiro fingir que esse não é o fim... prefiro fingir que não estou morrendo nesse exato momento e que ainda tenho muito tempo pra fazer tudo o que quero.
É minha velha... agora é esperar pra ver se a gente vai mesmo se encontrar lá em cima... descanse em paz e, um dia quem sabe, a gente se vê de novo.
O som irritante do telefone o acordou. Perdera a conta de quantos dias começaram assim. Mas esse não seria apenas mais um telefonema, esse não seria apenas mais um dia. A voz entrecortada o chamava para um lugar longe, para um lugar triste. Esse foi o ultimo dia de alguém.
Ainda da cama deu telefonemas, cancelou os planos. Levantou. Vestiu-se. Moveu-se pela casa como se o peso do mundo houvesse despencado sobre suas costas. Abriu o chuveiro de tormentas, banhou-se em saudades, secou-se em recordações. Escolheu, a despeito do céu azul e do calor abafado do dia, calça, camisa, sapato... preto, preto, preto... pretos como a disposição de seu espírito. Muniu-se de coragem e abriu a porta.
O mundo continuava igual. As pessoas apressadas, os carros velozes. O dia seco secou sua boca, rachou seu lábio. Entrou no carro. Todos estavam quietos, pesarosos, como se a própria morte estivesse acomodada no carro. Rompeu o silencio, não porque o agradasse, mas para tirar do fim o pensamento dos mais velhos. Inútil. O carro parecia mais rápido do que ele e, tão logo entrou no carro, tão logo chegou, ou assim lhe pareceu.
O olho ardeu, ao ver o mundo sem a proteção do “insulfilm” do carro. Divisou a distancia alguns parentes nas escadas da casa funerária. Aproximou-se. As lamentações, cada vez mais próximas lhe perturbavam o espírito. Seria ele o único ali que via no falecimento o termo das dores da falecida? Recebeu pêsames, deu pêsames.
O caixão era pequeno, parco. A pessoa que ele conhecia não era a que estava ali. Não, recusava-se a acreditar que aquela casca deformada fora uma vez a pessoa cheia de vida a quem viera prestar seus últimos respeitos. Até os mais fortes choravam, mas ele não derramou uma lágrima. Insensível.
Viu o velho padre recitar as mesmas palavras de um outro funeral qualquer. Viu pessoas que a muito não prestavam a devida atenção a defunta se aglomerarem a sua volta e repetirem as mesmas palavras gastas do padre. Oração velha, oração sebosa, oração impessoal. Achou por um momento que talvez aquele um dia viesse a ser seu fim, cercado de amigos já desconhecidos pelo tempo, tendo sua alma encomendada por qualquer padre, mais por serviço do que por compaixão.
Retirou-se, e ao se retirar percebeu os múltiplos assuntos que se comentavam naquele momento de respeito. Viagens, trabalho, namoro. É, a vida não para, não presta homenagem. Não é do ser humano amargurar-se pela desgraça alheia. Saiu. O sol continuava forte, os carros continuavam velozes, as pessoas continuavam apressadas. Decidiu não acompanhar o funeral até a falecida ser coberta de terra.
Olhou mais uma vez a casca, olhou mais uma vez os parentes. Sentiu um pequeno nó na garganta pois sabia que ainda veria muitos deles nessa posição antes de ser sua vez de atravessar o véu. Ainda assim não chorou. Sentiu, entretanto, cada lágrima daquela sala, cada pessoa que não seria capaz de consolar, cada perda que não seria capaz de repor. Sofreu por isso, sofreu por elas, e por instantes invejou a falecida, que, supunha agora não mais sofrer. Lembrou de tudo o que havia deixado, de tudo o que ainda queria fazer, de tudo que ainda queria conhecer, e então sofreu por si mesmo.
Prefiro acreditar no que não acredito e fingir que existe um céu lá em cima esperando por nós... prefiro fingir que esse não é o fim... prefiro fingir que não estou morrendo nesse exato momento e que ainda tenho muito tempo pra fazer tudo o que quero.
É minha velha... agora é esperar pra ver se a gente vai mesmo se encontrar lá em cima... descanse em paz e, um dia quem sabe, a gente se vê de novo.
15 de mai. de 2009
Dori me, Ameno, Dori me ... ou... Do Exagero
Me levem daqui, me levem de mim, eu não sou uma boa companhia pra mim mesmo.
Finjo ser mais leve que o ar, e disfarço a realidade com a matéria dos sonhos. Sombra e pó. Pulo sem ter nada a frente a não ser o céu azul. Não vejo as coisas que se escondem entre o ele e a terra, mas sei que estão lá, e como um estudante procura as respostas eu procuro esse lugar idílico fora de mim, tendo a certeza de que ele existe única e exclusivamente porque quero que exista. Jogo tudo pro alto comigo e no instante em que meus pés se descolam do chão o medo do salto se vai.
Aproveito a queda enquanto ela assim o é. Vôo desafiando as leis da natureza, e com as mesmas asas que Dedalos fez para si e para seu filho, provoco os Deuses e busco meus desejos entre as nuvens e o sol. Agarro-me na crina do cavalo selvagem e deixo que ele me guie pelas trilhas tortuosas da vida ao seu bel prazer, exigindo apenas que seja rápido. Não anseio pelo fim do caminho, nem pelo fim do vôo, mas a lentidão da conformidade me incomoda. Grito, corro, vôo. Dispo-me de minhas defesas para que mais leve, mais e mais perto do sol eu chegue.
Caio, assim como Icaro caiu, com as asas derretidas pelo calor invejoso de Apolo. Caio, e sem minha proteção me choco e estilhaço no contato com o frio chão da realidade. O hálito do possível ainda brinca com meus sentidos enquanto os carniçais arrancam o resto de minhas asas e devoram minha carne com os dentes de mundo cinza e sistêmico.
Me amarram, tentar me dobrar. Tentam fazer com que eu esqueça meus delírios, tentam fazer com que eu seja normal... Feito um anjo afastado da graça sofro, mas não esqueço. Nunca esquecerei, nem desistirei.
Eu vivo o exagero, escolho-o de novo e mais uma vez. Fujo dos carniçais e lentamente começo a me recuperar. O tempo não vai me esperar, e como não sei o quanto ainda tenho, começo a tecer minhas novas asas, ciente de tudo isso pode acontecer de novo. Uma ponta de medo aparece no horizonte dos meus pensamentos. Não, não é fácil ser assim exagerado. Não é fácil cair e ainda no chão se preparar para cair de novo. As dentadas dos carniçais deixam marcas. A realidade deixa marcas, no corpo e na alma. Vejo com o tempo meu corpo ficar pesado, perder velocidade e o brilho lentamente foge dos meus olhos.
O hálito do possivel, (ou seria do impossível?) teima em fugir de mim, como a idade teima em alcançar Peter Pan, mas teimoso como ele continuo buscando esse hálito, cada vez mais distante. Sei que um dia não vou conseguir mais fugir dos carniçais. Sei que um dia a dor da queda vai ver grande demais, que a realidade vai rasgar minha pele, abrir minhas veias, destruir tudo por dentro e me despedaçar em mil pedaços alienados e inconscientes.
Mas o exagerado é como um cometa que risca o céu na noite escura e brilha mais forte que todas as estrelas. De longe é lindo, de perto é um corpo que queima no frio do espaço, de longe desaparece no céu, de perto quebra, se estilhaça...esse é o destino do exagerado, uma vida intensa, ainda que breve...
Mas e ai, quem quer pular comigo?
Musikitas:
“é a própria fé o que destrói, esses são dias desleais”
“sou eu caindo num precipício, você passando de avião... você olho e fez que não me viu, foi como se eu não estivesse ali... vai ver que a confusão fui eu quem fiz fui eu....”
“havia inocência em seu sorriso, enquanto caminhava rente ao precipício... estava calmo por acreditar em perfeição... tão certo, como flores no deserto... real como as miragens da paixão”
“Eu queria ver o escuro do mundo, onde está tudo o que você quer”
“o preço que se paga as vezes é algo demais”
“eu fui sincero como não se pode ser...”
“pra que te espero de braços abertos se você caminha pra nunca chegar?... você diz que é pouco e pouco pra mim não é bobagem... então me lanço, me atiro em frente ao seu carro e ai você decide se é guerra ou perdão, se na vida eu apanho outras vezes eu bato, mas trago minha blusa aberta e uma rosa em botão... eu só quero lembrar de vc até perder a memória”
Tá... isso tá ficando maior que o texto, melhor parar por aqui.^^
Finjo ser mais leve que o ar, e disfarço a realidade com a matéria dos sonhos. Sombra e pó. Pulo sem ter nada a frente a não ser o céu azul. Não vejo as coisas que se escondem entre o ele e a terra, mas sei que estão lá, e como um estudante procura as respostas eu procuro esse lugar idílico fora de mim, tendo a certeza de que ele existe única e exclusivamente porque quero que exista. Jogo tudo pro alto comigo e no instante em que meus pés se descolam do chão o medo do salto se vai.
Aproveito a queda enquanto ela assim o é. Vôo desafiando as leis da natureza, e com as mesmas asas que Dedalos fez para si e para seu filho, provoco os Deuses e busco meus desejos entre as nuvens e o sol. Agarro-me na crina do cavalo selvagem e deixo que ele me guie pelas trilhas tortuosas da vida ao seu bel prazer, exigindo apenas que seja rápido. Não anseio pelo fim do caminho, nem pelo fim do vôo, mas a lentidão da conformidade me incomoda. Grito, corro, vôo. Dispo-me de minhas defesas para que mais leve, mais e mais perto do sol eu chegue.
Caio, assim como Icaro caiu, com as asas derretidas pelo calor invejoso de Apolo. Caio, e sem minha proteção me choco e estilhaço no contato com o frio chão da realidade. O hálito do possível ainda brinca com meus sentidos enquanto os carniçais arrancam o resto de minhas asas e devoram minha carne com os dentes de mundo cinza e sistêmico.
Me amarram, tentar me dobrar. Tentam fazer com que eu esqueça meus delírios, tentam fazer com que eu seja normal... Feito um anjo afastado da graça sofro, mas não esqueço. Nunca esquecerei, nem desistirei.
Eu vivo o exagero, escolho-o de novo e mais uma vez. Fujo dos carniçais e lentamente começo a me recuperar. O tempo não vai me esperar, e como não sei o quanto ainda tenho, começo a tecer minhas novas asas, ciente de tudo isso pode acontecer de novo. Uma ponta de medo aparece no horizonte dos meus pensamentos. Não, não é fácil ser assim exagerado. Não é fácil cair e ainda no chão se preparar para cair de novo. As dentadas dos carniçais deixam marcas. A realidade deixa marcas, no corpo e na alma. Vejo com o tempo meu corpo ficar pesado, perder velocidade e o brilho lentamente foge dos meus olhos.
O hálito do possivel, (ou seria do impossível?) teima em fugir de mim, como a idade teima em alcançar Peter Pan, mas teimoso como ele continuo buscando esse hálito, cada vez mais distante. Sei que um dia não vou conseguir mais fugir dos carniçais. Sei que um dia a dor da queda vai ver grande demais, que a realidade vai rasgar minha pele, abrir minhas veias, destruir tudo por dentro e me despedaçar em mil pedaços alienados e inconscientes.
Mas o exagerado é como um cometa que risca o céu na noite escura e brilha mais forte que todas as estrelas. De longe é lindo, de perto é um corpo que queima no frio do espaço, de longe desaparece no céu, de perto quebra, se estilhaça...esse é o destino do exagerado, uma vida intensa, ainda que breve...
Mas e ai, quem quer pular comigo?
Musikitas:
“é a própria fé o que destrói, esses são dias desleais”
“sou eu caindo num precipício, você passando de avião... você olho e fez que não me viu, foi como se eu não estivesse ali... vai ver que a confusão fui eu quem fiz fui eu....”
“havia inocência em seu sorriso, enquanto caminhava rente ao precipício... estava calmo por acreditar em perfeição... tão certo, como flores no deserto... real como as miragens da paixão”
“Eu queria ver o escuro do mundo, onde está tudo o que você quer”
“o preço que se paga as vezes é algo demais”
“eu fui sincero como não se pode ser...”
“pra que te espero de braços abertos se você caminha pra nunca chegar?... você diz que é pouco e pouco pra mim não é bobagem... então me lanço, me atiro em frente ao seu carro e ai você decide se é guerra ou perdão, se na vida eu apanho outras vezes eu bato, mas trago minha blusa aberta e uma rosa em botão... eu só quero lembrar de vc até perder a memória”
Tá... isso tá ficando maior que o texto, melhor parar por aqui.^^
13 de mai. de 2009
desculpas ofensivas que causam mais do que consertam
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA...
Eu queria tanto escrever o que tá na minha cabeça agora... as palavras parecem querer rasgar a minha pele e sairem ao mundo por conta propria, mas o que queria dizer não posso, não dá... até tava tentando algo, mas queria fazer uma referencia e to longe do livro... prometo que se eu chegar em casa eu escrevo...
peço desculpas por naum escrever
desculpas que não vão ser lidas
desculpas indevidas pq não tenho a menor obrigação de postar
alias, não acostumem, fantasmas que leem o blog, pq esses meus ultimos posts são um caso raro, não uma retomada... se ao menos tivesse talento....;P
a... vai se catar... vai me catar, sei lá...
mas amanha...
"bem que vovó me dizia... desgraça pouca é bobagem... ou seria misery loves company"?
Eu queria tanto escrever o que tá na minha cabeça agora... as palavras parecem querer rasgar a minha pele e sairem ao mundo por conta propria, mas o que queria dizer não posso, não dá... até tava tentando algo, mas queria fazer uma referencia e to longe do livro... prometo que se eu chegar em casa eu escrevo...
peço desculpas por naum escrever
desculpas que não vão ser lidas
desculpas indevidas pq não tenho a menor obrigação de postar
alias, não acostumem, fantasmas que leem o blog, pq esses meus ultimos posts são um caso raro, não uma retomada... se ao menos tivesse talento....;P
a... vai se catar... vai me catar, sei lá...
mas amanha...
"bem que vovó me dizia... desgraça pouca é bobagem... ou seria misery loves company"?
11 de mai. de 2009
Liberdade e Vodka, ou A Noite da Besta
Tem dias que não suporto ver a luz. Dias em que o calor e o riso das crianças no parque me parecem cordões em um teatro de bonecos. Eu não gosto de bonecos. Nem de cordões.
Me visto com pressa, mesmo sabendo que hoje é um daqueles dias, mesmo sabendo que hoje eu não vou conseguir fugir.
Saio.
As ruas estão vazias. Nada alem de ladrões e prostitutas povoam as esquinas. Perigo? Nenhum. Hoje eu sou um deles, um pária, um perdido.
Caminho sem rumo na tentativa vã de acalmar os fantasmas do meu armário, de afugentar o monstro dentro de mim. Inútil.
Meu olhar vaga, opaco, escuro, a procura de alguma coisa onde possa descarregar esse ódio que meu peito encerra. O coração acelera. Dentro de mim pensamentos se chocam com a força de uma tormenta, explodem, chispam e fogem como fogos de artifício em fúria.A vida me agride, eu agrido a vida. Simples assim. De que adianta afinal tudo isso? Todo o pensamento, todo o saber? De que adiantam todos os planos se essas malditas cordas ainda nos controlam?
Chego no bar, sujo, velho, corroído por insetos e pessoas. Peço vodka. Um gordo suado atrás do balcão me dá um copo, exijo a garrafa. Uma prostituta sexagenária me observa. Podia ser minha mãe, quem sabe minha avó, mas seu olhar não está na minha idade, está na minha carteira. Dinheiro, dinheiro pela vodka, dinheiro pelo sexo, dinheiro para sustentar suas jóias ensebadas e sua maquiagem mal aplicada. Vida. Isso é vida. Vaidade, afetação, egoísmo, orgulho, vícios, ira, ira, ira...
Pego a garrafa, pago o gordo (que me sorri com seus dentes podres), ignoro a puta. A besta precisa andar, e como uma fera aprisionada, uivo na rua. Bêbado? Não o suficiente. Ando agitado oscilando entre a parede das casas e a rua. Casas de família, bairro decente. Podre, corrupto, devasso.
Os cordões me prendem. Os malditos cordões ainda me prendem. Enlouqueço. Seriam todos como eu? Seriam todos felizes e sorridentes a luz do sol, inventando mesuras, fazendo agrados, vivendo “suas” vidas? Bateriam todos no peito, como eu, dizendo que são senhores de seus destinos? Que conseguem o que querem? Que vivem a vida do jeito que acham melhor?
Uma tempestade desaba sobre a minha cabeça. Clarões iluminam as ruas só para jogá-las novamente na escuridão, cada vez mais escura, cada vez mais profunda. Hoje é a noite da besta.
Só por esta noite eu quero esquecer a minha educação. Só por esta noite eu quero esquecer a sociedade. Só por esta noite eu quero viver livremente, obedecer a cada desejo, realizar cada fantasia. Só por esta noite eu não quero pensar no próximo. Não quero lembrar do que minha mãe me ensinou. Não quero ser o bom garoto. O bom garoto é falso, é vendido. Fachada decadente de uma sociedade inescrupulosa. Ele é como eu. Ele sou eu. Ele sou eu em todas as outras noites, em todos os outros dias. Contido. Restrito. Só por essa noite quero ser besta-fera. Só por essa noite quero me confundir comigo mesmo, dar asas ao monstro aprisionado, aceita-lo, solta-lo, e então como ele, ser livre.
Grito com toda força que ainda tenho, na esperança de que esse grito me liberte, na esperança de que algum deus misericordioso me fulmine aqui, nesse momento, destruindo a minha vida, mas me livrando desses cordões, dessa cela de privações. Grito, mas nenhum deus responde. Ouço uma voz vinda de uma das casas me mandando calar a boca. Meu sobretudo está encharcado. Meu cabelo, desgrenhado, atrapalha minha visão. Minha vodka no fim.
Penso na prostituta e na sua “beleza” comprada. Penso no sorriso podre do gordo dono do bar. Penso no sorriso das crianças no parque. Penso, e rezo em silencio para esquecer essa noite. Rezo para me conformar... me conformar com a vida que eu sempre quis.
... acho que afinal o mundo não é como me ensinaram, mas acho também que não vai ser tão fácil me livrar dessa visão pré concebida dele, e que isso ainda vai me fazer sofrer muito...
Me visto com pressa, mesmo sabendo que hoje é um daqueles dias, mesmo sabendo que hoje eu não vou conseguir fugir.
Saio.
As ruas estão vazias. Nada alem de ladrões e prostitutas povoam as esquinas. Perigo? Nenhum. Hoje eu sou um deles, um pária, um perdido.
Caminho sem rumo na tentativa vã de acalmar os fantasmas do meu armário, de afugentar o monstro dentro de mim. Inútil.
Meu olhar vaga, opaco, escuro, a procura de alguma coisa onde possa descarregar esse ódio que meu peito encerra. O coração acelera. Dentro de mim pensamentos se chocam com a força de uma tormenta, explodem, chispam e fogem como fogos de artifício em fúria.A vida me agride, eu agrido a vida. Simples assim. De que adianta afinal tudo isso? Todo o pensamento, todo o saber? De que adiantam todos os planos se essas malditas cordas ainda nos controlam?
Chego no bar, sujo, velho, corroído por insetos e pessoas. Peço vodka. Um gordo suado atrás do balcão me dá um copo, exijo a garrafa. Uma prostituta sexagenária me observa. Podia ser minha mãe, quem sabe minha avó, mas seu olhar não está na minha idade, está na minha carteira. Dinheiro, dinheiro pela vodka, dinheiro pelo sexo, dinheiro para sustentar suas jóias ensebadas e sua maquiagem mal aplicada. Vida. Isso é vida. Vaidade, afetação, egoísmo, orgulho, vícios, ira, ira, ira...
Pego a garrafa, pago o gordo (que me sorri com seus dentes podres), ignoro a puta. A besta precisa andar, e como uma fera aprisionada, uivo na rua. Bêbado? Não o suficiente. Ando agitado oscilando entre a parede das casas e a rua. Casas de família, bairro decente. Podre, corrupto, devasso.
Os cordões me prendem. Os malditos cordões ainda me prendem. Enlouqueço. Seriam todos como eu? Seriam todos felizes e sorridentes a luz do sol, inventando mesuras, fazendo agrados, vivendo “suas” vidas? Bateriam todos no peito, como eu, dizendo que são senhores de seus destinos? Que conseguem o que querem? Que vivem a vida do jeito que acham melhor?
Uma tempestade desaba sobre a minha cabeça. Clarões iluminam as ruas só para jogá-las novamente na escuridão, cada vez mais escura, cada vez mais profunda. Hoje é a noite da besta.
Só por esta noite eu quero esquecer a minha educação. Só por esta noite eu quero esquecer a sociedade. Só por esta noite eu quero viver livremente, obedecer a cada desejo, realizar cada fantasia. Só por esta noite eu não quero pensar no próximo. Não quero lembrar do que minha mãe me ensinou. Não quero ser o bom garoto. O bom garoto é falso, é vendido. Fachada decadente de uma sociedade inescrupulosa. Ele é como eu. Ele sou eu. Ele sou eu em todas as outras noites, em todos os outros dias. Contido. Restrito. Só por essa noite quero ser besta-fera. Só por essa noite quero me confundir comigo mesmo, dar asas ao monstro aprisionado, aceita-lo, solta-lo, e então como ele, ser livre.
Grito com toda força que ainda tenho, na esperança de que esse grito me liberte, na esperança de que algum deus misericordioso me fulmine aqui, nesse momento, destruindo a minha vida, mas me livrando desses cordões, dessa cela de privações. Grito, mas nenhum deus responde. Ouço uma voz vinda de uma das casas me mandando calar a boca. Meu sobretudo está encharcado. Meu cabelo, desgrenhado, atrapalha minha visão. Minha vodka no fim.
Penso na prostituta e na sua “beleza” comprada. Penso no sorriso podre do gordo dono do bar. Penso no sorriso das crianças no parque. Penso, e rezo em silencio para esquecer essa noite. Rezo para me conformar... me conformar com a vida que eu sempre quis.
... acho que afinal o mundo não é como me ensinaram, mas acho também que não vai ser tão fácil me livrar dessa visão pré concebida dele, e que isso ainda vai me fazer sofrer muito...
10 de mai. de 2009
Keep Walking, Jhonnye Walker
Eu ando.
Ando por um deserto, sem ter nada a minha frente ou ao meu redor, sem sequer ter a minha própria sombra como companhia.
Ando solitário, cercado por imagens que eu julguei serem pessoas, mas agora sei que são apenas fantasmas, muitos deles criados por mim mesmo.
Ando descalço, sinto cada pedra no caminho, cada espinho. Ando e sinto com toda a intensidade cada pequena situação, alegre ou triste, e continuo andando.
Não corro. Sei que o futuro está a minha frente, mas também sei que ele vira, inexoravelmente, no seu tempo.
Ando cantando. E cantando, sozinho entre meus fantasmas, canto a musica mais bonita que conheço. Canto para as pedras do caminho, para o vento em meus cabelos, e agradeço que sejam surdos pois a musica em meus lábios é, por vezes, muito feia.
Ando incerto, em círculos, errado e eternamente errante, carregando comigo todos os erros que cometi, e mais vida do que posso agüentar.
Ando.
Ando e olho para trás. O lobo negro ainda está lá. Paciente sabe que serei sua próxima refeição. Paciente espera a chegada da noite. Paciente espera que a minha água acabe.
Ando, porque é tudo que posso fazer. Porque é tudo que sei fazer. Porque é tudo o que faço, querendo ou não. Ando porque estou aqui, andando.
Ando.
Ando principalmente para te encontrar. Ando para partilhar com você meu deserto e meus fantasmas. Para compartilhar meus defeitos e minha musica ruim. Ando porque, no fundo dos meus olhos, onde moram meus sonhos, finos como a areia sob meus pés, mora também a esperança de que você também ande, e de que um dia, perdido em teu olhar, não mais veja o vazio do deserto, mas sim nossas pegadas na areia.
Eu simplesmente ando.
Ando e escrevo bobagens na areia.
Ando por um deserto, sem ter nada a minha frente ou ao meu redor, sem sequer ter a minha própria sombra como companhia.
Ando solitário, cercado por imagens que eu julguei serem pessoas, mas agora sei que são apenas fantasmas, muitos deles criados por mim mesmo.
Ando descalço, sinto cada pedra no caminho, cada espinho. Ando e sinto com toda a intensidade cada pequena situação, alegre ou triste, e continuo andando.
Não corro. Sei que o futuro está a minha frente, mas também sei que ele vira, inexoravelmente, no seu tempo.
Ando cantando. E cantando, sozinho entre meus fantasmas, canto a musica mais bonita que conheço. Canto para as pedras do caminho, para o vento em meus cabelos, e agradeço que sejam surdos pois a musica em meus lábios é, por vezes, muito feia.
Ando incerto, em círculos, errado e eternamente errante, carregando comigo todos os erros que cometi, e mais vida do que posso agüentar.
Ando.
Ando e olho para trás. O lobo negro ainda está lá. Paciente sabe que serei sua próxima refeição. Paciente espera a chegada da noite. Paciente espera que a minha água acabe.
Ando, porque é tudo que posso fazer. Porque é tudo que sei fazer. Porque é tudo o que faço, querendo ou não. Ando porque estou aqui, andando.
Ando.
Ando principalmente para te encontrar. Ando para partilhar com você meu deserto e meus fantasmas. Para compartilhar meus defeitos e minha musica ruim. Ando porque, no fundo dos meus olhos, onde moram meus sonhos, finos como a areia sob meus pés, mora também a esperança de que você também ande, e de que um dia, perdido em teu olhar, não mais veja o vazio do deserto, mas sim nossas pegadas na areia.
Eu simplesmente ando.
Ando e escrevo bobagens na areia.
O lado esquerdo não mordido do pêssego caído no quintal da tia do primo da minha vizinha
Hoje me disseram que eu invento as coisas. Que eu sinto coisas que não existem mas escolho tentar me enganar dizendo que elas existem. Fico pensando se isso é verdade...
Olho para o pêssego caído no chão. Meio mordido. O que significa isso? Nada eu acho, não significa nada, mas ainda assim sinto a necessidade de analisar, de dar significado, de ver ali, não só um pêssego caído sem motivo. Penso. O pêssego é avermelhado, no formato de um coração. Coração mordido, dilacerado. Mordido por uma boca estranha, desconhecida, cheia de ânsia pelo coração, procurando sugar o doce néctar de sua existência. Boca vampira. Boca frustrada. O néctar era de pêssego, não de sangue, não de coração. Cospe, joga fora, rejeita. E o coração cai. Transborda na terra. Atrai as formigas. Era doce afinal de contas.O pêssego era de uma arvore que fica no quintal da tia do primo da minha vizinha... mas isso não faz diferença faz?
Quantos pêssegos mordidos não trago no bolso do casaco? Quantos corações cuspidos? É, eu queria mesmo que fosse tão simples, só inventar coisas, tão... fácil. Queria que gostar de você fosse uma invenção. Queria que na minha invenção você também gostasse de mim. Queria que você não fosse uma invenção. Queria você...
Olho para o pêssego caído no chão. Meio mordido. O que significa isso? Nada eu acho, não significa nada, mas ainda assim sinto a necessidade de analisar, de dar significado, de ver ali, não só um pêssego caído sem motivo. Penso. O pêssego é avermelhado, no formato de um coração. Coração mordido, dilacerado. Mordido por uma boca estranha, desconhecida, cheia de ânsia pelo coração, procurando sugar o doce néctar de sua existência. Boca vampira. Boca frustrada. O néctar era de pêssego, não de sangue, não de coração. Cospe, joga fora, rejeita. E o coração cai. Transborda na terra. Atrai as formigas. Era doce afinal de contas.O pêssego era de uma arvore que fica no quintal da tia do primo da minha vizinha... mas isso não faz diferença faz?
Quantos pêssegos mordidos não trago no bolso do casaco? Quantos corações cuspidos? É, eu queria mesmo que fosse tão simples, só inventar coisas, tão... fácil. Queria que gostar de você fosse uma invenção. Queria que na minha invenção você também gostasse de mim. Queria que você não fosse uma invenção. Queria você...
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